Terra de águas fatais
Desde Janeiro até ontem, as autoridades descobriram um total de 17 cadáveres a flutuar nas águas de Macau – em dez dos casos, a Polícia Judiciária concluiu que se trataram de suicídios. Dois foram dados como acidentes, sendo que nos restantes cinco está a ainda a ser investigada a causa da morte.
Na terça-feira, a Polícia de Segurança Pública (PSP) foi chamada a recolher o corpo de uma mulher encontrada a boiar no Lago de Sai Van, perto da Torre de Macau. A descoberta foi feita por residentes da zona por volta das 6h. A mulher, de 30 anos, era residente local, tinha com ela os documentos de identificação e vestia uma t-shirt e calças de fato treino. Ontem, a Judiciária afirmou que as investigações preliminares apontam para mais um caso de suicídio, uma vez que as autoridades não encontraram marcas no corpo que indicassem um cenário de violência.
O órgão de investigação criminal destacou ainda que o alegado suicídio não terá qualquer relação com o caso do homem que, a 19 de Junho, foi também encontrado morto nas águas do Sai Van. O indivíduo, que teria entre 20 a 30 anos, foi encontrado por atletas dos barcos-dragão e não tinha qualquer documento de identificação.
Ainda na quarta-feira, foi encontrado um outro cadáver a flutuar nas águas do território. Segundo a Polícia Judiciária, trata-se de um indivíduo do sexo masculino, com cerca de 20 anos e também de identidade desconhecida. A descoberta foi feita depois de as autoridades terem sido alertadas por um transeunte que disse ter ouvido um som na água, junto à Ponte Nobre de Carvalho, por volta das 2h40. O corpo acabaria por ser descoberto cerca de meia hora depois. A Judiciária está ainda a investigar as causas da morte, mas adiantou já que as marcas no cadáver indiciam que terá havido uma queda em altura.
Esta semana e durante o balanço semestral da criminalidade em Macau, o secretário para a Segurança disse que o Governo está preocupado com o aumento do número de suicídios, escusando-se a fazer mais comentários.
Jovem em preventiva
Entretanto, o Ministério Público (MP) concluiu a investigação sobre o jovem de 18 anos que é suspeito de ter aliciado uma menor a ter relações sexuais com ele – o indivíduo ficou em prisão preventiva. O delegado do procurador, lê-se em comunicado, “considerou haver fortes indícios do crime de abuso sexual de criança, cometido por Wong”. O MP concluiu que os dois “eram amigos” e que no dia 2 de Agosto “a vítima pediu ao suspeito para passar a noite na casa dele porque não queria ser chateada pelos familiares por ter bebido álcool”. “Naquela noite Wong teve relações sexuais com a vítima, dois dias depois, repetiu o acto na casa dele”, diz ainda o órgão de investigação.
O delegado do procurador entendeu que o suspeito “bem sabia que a vítima não tinha 14 anos quando teve relações sexuais com ela, o que é proibido pela lei”. Ainda em comunicado, o MP volta a pedir “às famílias, escolas e sociedade” que prestem “mais atenção aos adolescentes devendo ter sempre em consideração a educação moral”. Mais, avisa que o “Ministério Público vai punir gravemente, como tem feito no passado, os infractores que aliciam os adolescentes para a prática de actos ilegais”. No sistema de Macau, compete aos juízes decidirem da culpa e da pena dos arguidos.
Fonte: Ponto Final MACAU