Mulheres mostram empenho nas acções nos exercícios militares da CPLP
Técnica de enfermagem Marília Vitória é um dos principais elementos do centro de saúde
Fotografia: Paulo Mulaza
As mulheres continuam a lutar pela igualdade do género e pela sua inserção a todos os níveis da sociedade, para o exercício de funções políticas, administrativas, científicas, técnicas, sócio-culturais, desportivas e em outras lideranças.
Elas também mostram que são capazes de seguir outras carreiras como a militar, tarefa antes imposta unicamente para os homens. A participação das mulheres nos exercícios militares da Comunidade de Países de Língua Portuguesa é uma evidência de que a igualdade de género constitui um facto assinalável no percurso em direção a uma sociedade com maior equidade e justiça.
Em cabo Ledo, 27 mulheres dão o seu contributo para o êxito do Exercício Felino 2010, que se insere na série de manobras militares conjuntas e combinadas desenvolvidas no âmbito da cooperação técnico-militar entre os Estados-membros da CPLP, com a finalidade de permitir a interoperabilidade das Forças Armadas da comunidade e o treino para o emprego das mesmas em operações de paz e assistência humanitária, sob a égide das Nações Unidas, na base do respeito mútuo e das legislações nacionais.
Nos exercícios das forças da CPLP cada mulher tem a sua missão e estão divididas em grupos. Das 27 participantes, 15 são militares e 12 civis. As militares, dentre elas uma guineense, fazem o serviço de protocolo e guia dos dirigentes convidados. Outras participam na demonstração técnica área que vai resumir parte do exercício felino. Outras ainda estão a fazer o apoio real nas operações humanitárias e de apoio à paz em São Bravo, Longa, Quimbele, cidades fictícias do exercício, onde estão montados centros de saúde para o atendimento real da população.
As operações militares têm três componentes fundamentais, a militar, a policial e a civil. Outras mulheres fazem os serviços da direção que adquire os meios e planificam a sua distribuição e a coordenação ligadas a todas as mulheres que se encontram no exercício. Das mulheres que participam, umas fazem parte de instituições como Programa Alargado de Vacinação, Ministérios da Assistência e Reinserção Social e da Saúde.
Estas mulheres têm a missão de fazer o tratamento e colheita de certas situações epidémicas da população, do ponto de vista real. Marília Victoria técnica média de enfermagem e está no posto de comando da Força Tarefa Conjunta e Combinada que se encontra instalado em Cabo Ledo, no quartel da Brigada de Forças Especiais (vulgo comandos). É partir daí onde ela vai cumprir todas as missões.
A técnica, que trabalha há cinco anos em Cabo Ledo, fez saber que, desde que começou o exercício, o centro de saúde das Forças Especiais de Cabo Ledo já recebeu muitos casos. Paludismo e cefaleias são os casos mais atendidos. Para Luanda, disse, já foram evacuados três casos, entre os quais um de tuberculose e dois que necessitam de intervenção cirúrgica.
Cremilda Palma é outra mulher que participa no grupo de mulheres que dão o seu contributo para o êxito do Exercício Felino. Enfermeira de profissão no centro de saúde de Cabo Ledo participa no grupo militar que auxilia o exercício. Ana tem como missão isolar o doente para não contaminar outros militares durante o exercício.
Joana da Costa também é enfermeira, mas tem missão diferente da de Ana. Ela garante o transporte dos doentes para o posto médico. Angola como país anfitriã participa neste exercício que está a treinar tropas da CPLP para a missão de apoio à paz, com 26 mulheres e a República da Guiné-bissau com uma.
A única estrangeira
Júlia José Sanca, soldado da Guiné-Bissau e é pela primeira vez que vem a Angola. Também é a primeira vez que participa num exercício militar organizado pela CPLP. Tem 28 anos e há oito que está nas Forças Armadas guineenses, disse estar a trocar muitas experiências com militares angolanas. A comunicação está a ser fácil porque a língua é comum. Diferente dos homens que ficam até mais tarde a planear o exercício, as mulheres, em Cabo Ledo, levantam às seis horas da manhã e começam a atividade às sete.
A jornada só encerra às 21 horas. Mesmo dura a jornada, elas continuam animadas.
Fonte: Jornal de Angola 23.03.2011
Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico - convertido pelo Lince.